e se tivesse sido diferente?

HBO Max chegou semana passada e assistimos os episódios de reunião de Friends e de Um Maluco no Pedaço.

O que mais me chamou atenção em ambos é como o desenrolar das histórias fictícias e, principalmente, as reais poderiam ter sido diferentes se algumas das pessoas envolvidas tivessem se sentido confortáveis para pedir ajuda, para poder falar sem julgamento.

Antes de dar sequência, acho importante falar que eu só assiti aos seriados, aos episódios especiais e acompanhei por cima algumas das notícias que saíram nos tablóides. Longe de querer ter solução para os ocorridos, meu intuito é ser ponto de partida para reavaliar algumas situações no nosso próprio cotidiano.

Agora sim, um pouco de contexto.

Não é segredo que Matthew Perry tem problemas com uso de analgésicos e álcool, tendo passado alguns períodos em clínicas de reabilitação. No especial, ele relata como se sentia angustiado ao não receber as risadas que esperava da plateia e os outros participantes relatam espanto por tamanha responsabilidade que ele se colocava durante as gravações, e o fato de não ter compartilhado isso antes.

Já em Um Maluco no Pedaço, houve uma reconciliação entre Will Smith e Janet Hubert-Whitten, a primeira Tia Viv. Ela estava grávida e passando por momentos delicados em casa, segundo o episódio especial, e a relação nos sets de filmagem saiu dos trilhos. Ela optou por não contar o que estava acontecendo aos colegas e a reação da mudança de humor e comportamento de ambos os lados acabou gerando o desentendimento que fez com que eles ficassem sem se falar por 27 anos.

Em nenhuma dessas situações há uma pessoa certa e outra errada, até porque esses são recortes pequenos, específicos e editados.

O que quero propor é pensar em como essas situações poderiam ter sido caso os envolvidos tivessem se sentido confortáveis para praticar a escuta ativa, para poder expor que não estava tudo bem, mesmo sem entrar em detalhes, para poder mostrar a parte que estava machucada, em carne viva. A parte vulnerável.

Em muitos momentos, o simples fato de escutar que existe esse espaço já gera um alívio. A simples possibilidade verbalizada já possui um efeito de acolhimento, de pertencimento.

Como teria sido se, desde o começo, Perry tivesse compartilhado sobre suas altas expectativas em divertir a plateia? E se Will Smith tivesse chamado Janet para conversar e perguntado se ela precisava de algo?

Pensando então no que está ao nosso alcance.

Hoje, tem alguma situação que te gera incômodo e que você gostaria de poder conversar com alguém sem julgamento? Alguém com quem você pudesse ser você na sua mais bruta essência e que pudesse expor os medos e sentimentos? Alguém que você pudesse pedir ajuda?

E tem alguém que você conheça e que percebeu que essa pessoa mudou muito? Está mais reservada, aparentemente mais triste, séria? Se você tiver abertura, você pode perguntar se está tudo bem, se a pessoa precisa de algo. Não é querer resolver os problemas por ela, nem que ela aceite todas as suas sugestões sem reclamar.

É estar ali pelo outro, dentro das suas possibilidades. É encontrar uma pessoa que possa estar ali por você. É pedir ajuda, é explicar como precisa ser ajudado. Aproxima a relação, aumenta a confiança.


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